segunda-feira, 30 de abril de 2012

Mensagem de Uma Mãe Chinesa Desconhecida - Xinran

Resenha escrita por Maria Amelia Mello

Ano passado dei de presente para uma tia minha o livro “As Boas Mulheres da China” da autora Xinran. Esta minha tia também é viciada em uma boa leitura e em janeiro deste ano ganhei dela o livro “Mensagem de uma Mãe Chinesa Desconhecida”, da mesma autora. Ganhei o livro com uma linda dedicatória e a informação de que ela aprecia muito a autora.

Antes de falar do livro é necessário falar da autora: Xinran nasceu em Beijin em 1958 e por alguns anos trabalhou como jornalista em Najing apresentando o programa de rádio “Palavras na Brisa Noturna”. Em 1997 ela se mudou para Londres e escreveu “As Boas Mulheres da China”. Durante todo o tempo em que trabalhou no programa de rádio conheceu por meio de relatos e cartas, histórias de vida das mulheres chinesas. Foi através da idéia de reunir estes relatos e transmitir estas histórias que Xinram deu vida a este livro.

O livro nos apresenta histórias por meio de trechos destas cartas mas também pelas memórias da autora. Porém, antes de entrarmos de fato nas histórias, vamos descobrindo o contexto histórico e motivação da autora pois de início temos: Nota da Tradutora de Edição Inglesa, Nota de Contextualização e Prefácio. Achei interessante informar isso pois alguém poderia pensar que por ter tanta explicação no começo o livro se tornaria maçante. E ocorre justamente o contrário, estas explicações são simples – tanto da tradutora quanto contextualizando a época – e nos dão a base para a leitura sem tirar a emoção das histórias que se seguirão.

Logo de início recebemos a informação de que em 2007 o número de crianças órfãs chinesas adotadas no mundo todo chegou a 120 mil, sendo que a maioria eram meninas. A autora, através de seu trabalho na rádio, percorreu a China conhecendo diferentes mulheres, porém todas com o mesmo grau absurdo de sofrimento devido a terem abandonado seus bebes, novamente sendo a maioria meninas.

A autora lança a questão de que para ela existem três motivos para estes abandonos: desde os tempos antigos bebes do sexo feminino tem sido abandonados em todo o Oriente, o crescimento econômico e a política do filho único. Na “Nota de Contextualização” somos bem informados sobre a Política do Filho Único onde explica que a lei foi criada como forma de contenção demográfica limitando os casais a terem um único filho para desacelerar o crescimento populacional da China. Vemos também que existem formas de punição - direta ou indiretamente – para quem não cumpria esta lei. Apenas em 2009 esta lei - que foi criada em 1979 – teve um anúncio público de um abrandamento oficial.

As histórias e relatos que constam no livro são muito pessoais e profundamente sinceras, pois sentimos o quanto estas mulheres adquiriram confiança na autora, abriram seus corações e entregaram suas dores do passado. Me emocionei com várias das histórias, confesso que sou emotiva e que é bem difícil não se entregar a esta leitura.

É um mundo completamente diferente do meu não apenas geograficamente, mas principalmente cultura e historicamente falando. São tradições, regras, sociedades, antepassados, obediências que chegam até a assustar. Se são muitas as diferenças entre Oriente e Ocidente, creio que através da dor e do amor, sentimentos universais, a autora conseguiu criar a aproximação necessária ao leitor.

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