segunda-feira, 30 de abril de 2012

A primeira luz da manhã, de Thrity Umrigar

Resenha escrita por Sueli Couto

A PRIMEIRA LUZ DA MANHÃ - Thrity Umrigar - LIVRO 8

A primeira luz da manhã é uma autobiografia da escritora Thrity Umrigar. No livro ela relata o período da sua infância e adolescência em Bombaim até a partida para os Estados Unidos, aos 29 anos. Ela tenta resgatar o motivo pelo qual se tornou escritora e isso a fez recordar de sua infância, nas pessoas que conheceu, nas experiências que a levaram a isso. Pensa que sua história de criança que cresceu numa minoria ética devesse ser partilhada. E, sobretudo, como um tributo aos adultos que teve a sorte de ter em sua família.

Relata lembranças de uma forma clara onde se abre e se expõe totalmente. Revela corajosamente segredos tão íntimos, pensamentos, angustia, personalidade, contradições, emoções.

Fala de seu relacionamento difícil e doloroso com sua mãe, do amor incondicional de sua tia, do respeito e amor pelo pai, das brigas dos pais, das diferenças sociais e culturais, das injustiças na escola, da sua fuga, dificuldades, privilégios, pessoas que foram importantes para o processo de se tornar uma grande escritora, de um sistema educacional autoritário, das influências que sofreu.

O que mais me chamou a atenção nesta biografia é o fato dela se sentir não pertencente ao lugar que nasceu, em que foi criada, de se sentir uma estranha em seu país.


A Primeira Luz da Manhã me emocionou bastante. Recomendo a leitura.

Frase

“Quando a vida se mostra inexplicavelmente difícil e triste, alguns acendem velas, outros procuram uma igreja, mas há outros que se voltam para a magia do livro.” A primeira luza da manhã de Thrity Umrigar

A distância entre nós, de Thrity Umrigar

Resenha escrita por Sueli Couto

A DISTÂNCIA ENTRE NÓS - THRITY UMRIGAR - LIVRO 7

Fiquei muito satisfeita e feliz em saber que este livro faria parte do desafio. É o meu livro preferido, ganhei de uma amiga querida por ocasião de meu aniversário há 3 anos. Sempre faço muita propaganda dele para todo mundo que eu conheço e quando comecei a participar do Skoob eu o coloquei para viajar. Agora eu poderia repartir meu amor pelo livro e afirmei, reafirmei e confirmei que era meu livro preferido, muito amado. Por uma triste “brincadeira” do destino ele foi roubado duas vezes e eu fiz questão de comprar outros exemplares por duas vezes para colocar no lugar e prosseguir a viagem. Então agora ele continua viajando, mas antes fiz questão de reler para o desafio.

A história gira em torno de Sera uma mulher rica, e Bhima a empregada idosa. Elas moram em Bombaim(India). Bhima é a fiel empregada que trabalha há mais de vinte anos na casa da família Dubash, com a morte da filha e do genro passou a cuidar de sua neta Maya, que esta grávida, mas não é casada e se recusa a revelar a identidade do pai de seu filho. Sera é a patroa culta e generosa, com a morte de seu marido pediu a sua filha Dinah, que está grávida, e o genro Viraf, que morassem com ela.

Pertencentes a classes diferentes, elas se aproximam na condição de mulheres oprimidas e com marcas profundas em suas almas, que dedicaram as vidas para cuidar dos outros. Suas histórias se entrelaçam de forma emocionante e parece que a ligação entre elas vai bem mais além do que aquela de patroa e empregada, mesmo com a diferença social acredita-se que existe uma forte amizade entre elas. Amizade feita de conselhos, de anos partilhados de tristezas e alegrias, de confidencias, de ajuda, de respeito.

Sera e sua família usaram seu poder e dinheiro para influenciar a vida de Bhima ajudando em várias necessidades e pagando pela educação universitária de Maya. E Bihma por sua vez compartilha da vida sofrida de sua patroa com sua sogra, marido, dor esta que somente Bhima podia ver e aliviar.

A história envolve sentimentos profundos neste relacionamento como amizade, vergonha, amores mal compreendidos, mágoas, ressentimentos, partilha, dor, proteção.

Relata também a imensa pobreza existente em Bombaim com favelas espalhadas por todos os lados com pessoas morando nas calçadas, a fome, a violência, desigualdade social, gravidez não planejada, sistema precário de saúde e saneamento, a dureza cruel da vida e a falta de esperança.

Por que me marcou tanto e amei demais este livro? A história da amizade por si só me comove e alegra, mas a decepção, a injustiça, a mentira matando uma velha amizade me tocou demais.

Recomendo muito a leitura deste livro.

Mensagem de Uma Mãe Chinesa Desconhecida - Xinran

Resenha escrita por Maria Amelia Mello

Ano passado dei de presente para uma tia minha o livro “As Boas Mulheres da China” da autora Xinran. Esta minha tia também é viciada em uma boa leitura e em janeiro deste ano ganhei dela o livro “Mensagem de uma Mãe Chinesa Desconhecida”, da mesma autora. Ganhei o livro com uma linda dedicatória e a informação de que ela aprecia muito a autora.

Antes de falar do livro é necessário falar da autora: Xinran nasceu em Beijin em 1958 e por alguns anos trabalhou como jornalista em Najing apresentando o programa de rádio “Palavras na Brisa Noturna”. Em 1997 ela se mudou para Londres e escreveu “As Boas Mulheres da China”. Durante todo o tempo em que trabalhou no programa de rádio conheceu por meio de relatos e cartas, histórias de vida das mulheres chinesas. Foi através da idéia de reunir estes relatos e transmitir estas histórias que Xinram deu vida a este livro.

O livro nos apresenta histórias por meio de trechos destas cartas mas também pelas memórias da autora. Porém, antes de entrarmos de fato nas histórias, vamos descobrindo o contexto histórico e motivação da autora pois de início temos: Nota da Tradutora de Edição Inglesa, Nota de Contextualização e Prefácio. Achei interessante informar isso pois alguém poderia pensar que por ter tanta explicação no começo o livro se tornaria maçante. E ocorre justamente o contrário, estas explicações são simples – tanto da tradutora quanto contextualizando a época – e nos dão a base para a leitura sem tirar a emoção das histórias que se seguirão.

Logo de início recebemos a informação de que em 2007 o número de crianças órfãs chinesas adotadas no mundo todo chegou a 120 mil, sendo que a maioria eram meninas. A autora, através de seu trabalho na rádio, percorreu a China conhecendo diferentes mulheres, porém todas com o mesmo grau absurdo de sofrimento devido a terem abandonado seus bebes, novamente sendo a maioria meninas.

A autora lança a questão de que para ela existem três motivos para estes abandonos: desde os tempos antigos bebes do sexo feminino tem sido abandonados em todo o Oriente, o crescimento econômico e a política do filho único. Na “Nota de Contextualização” somos bem informados sobre a Política do Filho Único onde explica que a lei foi criada como forma de contenção demográfica limitando os casais a terem um único filho para desacelerar o crescimento populacional da China. Vemos também que existem formas de punição - direta ou indiretamente – para quem não cumpria esta lei. Apenas em 2009 esta lei - que foi criada em 1979 – teve um anúncio público de um abrandamento oficial.

As histórias e relatos que constam no livro são muito pessoais e profundamente sinceras, pois sentimos o quanto estas mulheres adquiriram confiança na autora, abriram seus corações e entregaram suas dores do passado. Me emocionei com várias das histórias, confesso que sou emotiva e que é bem difícil não se entregar a esta leitura.

É um mundo completamente diferente do meu não apenas geograficamente, mas principalmente cultura e historicamente falando. São tradições, regras, sociedades, antepassados, obediências que chegam até a assustar. Se são muitas as diferenças entre Oriente e Ocidente, creio que através da dor e do amor, sentimentos universais, a autora conseguiu criar a aproximação necessária ao leitor.

NÃO ME ABANDONES JAMAIS - KAZUO ISHIGURO - LIVRO 6

Resenha escrita por Sueli Couto
NÃO ME ABANDONES JAMAIS - KAZUO ISHIGURO - LIVRO 6

Alguns livros nos marcam profundamente e por inúmeros motivos. Li este livro para discutir num clube de leitura e ante de iniciar a leitura do mesmo, fiz questão de não ler nenhuma sinopse dele. Foi uma surpresa total. Mexeu muito com meu intimo, minhas emoções... Achei profundamente triste, denso, complexo, devastador... Um convite a reflexão.

Uma leitura emocionante, angustiante, sufocante de uma realidade crua e aterrorizante, jamais imaginável. O que ou quem serão eles? Que segredos esconde Hailsham?

O livro fala sobre sonhos que jamais serão realizados, perdas, solidão, melancolia, a existência da alma, a expressão artística, a busca de uma identidade, o sentido da vida, as diferenças, a conformação, a aceitação, a dignidade humana e a intolerância. 

Aos 31 anos e onze como cuidadora, Kathy H. mergulha no passado e resgata as lembranças em Hailsham, colégio interno localizado no interior da Inglaterra.

No início ela se relata lembranças inocentes que poderiam perfeitamente ser de um colégio tradicional no qual são educadas crianças comuns. Aos pouco, porém, ela vai fazendo tímidas insinuações revelando pistas e indícios que levarão a criar lentamente um quadro mais amplo e terrivelmente compreensível da trama.

Algumas palavras destoam e causa estranheza como doadores, cuidadores, treinamento, confinamento, e faz pensar que talvez não se esteja diante de estudantes comuns e sim de crianças de alguma forma especiais.

Mesmo vivendo histórias iguais a de qualquer criança ou jovem normal como: estudos, lições, amizade, descobertas sexuais, o amor, medos e dúvidas, eles não tem um histórico familiar, uma origem social, visitas familiares.

Relata a alegria dos bazares, os desenhos, as pinturas, o triangulo amoroso entre Kath, Tommy e Ruth, a proibição de ultrapassarem as cercas. Em Hailsham eles são estimulados a manter um corpo saudável, a criar e os melhores trabalhos são enviados a uma galeria, sobre a qual paira certo segredo.

Os personagens adultos são misteriosos e provocam medo e arrepios.

É realmente tocante e emociona muito a passagem em que Kath escuta sua fita K7 abraçada a um travesseiro...

No final ainda dói ler como Kath aceita tranquilamente seu destino...

Assisti ao filme, mas ele nem se compara ao livro e deixa muito a desejar ou a compreender.

O TOTEM DO LOBO - JIANG RONG- LIVRO 5

Resenha escrita por Sueli Couto
O TOTEM DO LOBO - JIANG RONG - LIVRO 5

Na década de 1960, em plena Revolução Cultural da China, o jovem estudante Chen Zhen parte para as estepes do Olonbulag, na Mongólia Interior. Com os ensinamentos de Bilgee, Chen aprende muito mais do que pastorear ovelhas: ele descobre como superar as dificuldades da vida nômade e a sinergia milenar que une o povo aos lobos selvagens das planícies.

Fascinado pela relação entre os homens e esses animais temidos e idolatrados, Chen compreende a rica relação espiritual que existe entre esses adversários e o que cada um pode aprender com o outro.

O Totem do lobo é retrato de uma terra e uma cultura que não existem mais e, ao mesmo tempo, uma revelação fascinante da visão do país sobre si mesmo, sua história e seu povo.

Apesar de ser longo o livro é ótimo, profundo rico e detalhista com maravilhosas descrições, na paisagem, nas cenas de batalha, de caçadas, capazes de transportar o leitor para dentro da história que chega-se a ouvir o vento, sentir as mudanças climáticas, sentir o hálito quente dos lobos, o arrepio de medo e o carinho dos cachorros.

Fiquei um pouco nauseada com as descrições das batalhas por serem bem detalhadas mesmo.

O livro relata muitos fatos históricos, mostra os aspectos culturais de um povo, a vida dura dos nômades, as condições adversas de sobrevivência. Destaca ainda a importância do equilíbrio ambiental, o respeito pela terra, pelo ciclo da vida, pela lei da sobrevivência, a cadeia alimentar.

Frase

“Na verdade, a cabeça de Chen ficou completamente vazia no instante em que viu os lobos, e a última coisa de que ele se lembrava era um som baixo mas apavorante, não muito diferente do silvo fino que se produz ao soprar a borda de um pedaço de plástico. Devia ter sido o som de sua alma saindo pelo topo da cabeça.”

UM LUGAR PARA TODOS - THRITY UMRIGAR - LIVRO 4

Resenha escrita por Sueli Couto

UM LUGAR PARA TODOS - THRITY UMRIGAR - LIVRO 4
O livro é bem mais que um simples romance, é um aprendizado, é ter a chance de olhar de modo diferente para cada ser humano, repensar nossas escolhas e como viver o hoje para não se arrepender amanhã. A história nos levar a pensar em nossas escolhas, no envelhecimento na importância de desfrutar plenamente os dias de vida. Eu gostei muito do livro. Recomendo a leitura.

O livro conta a história de um grupo de moradores do edifício Wadia, um prédio de classe média em Bombaim, na Índia, que estão reunidos no casamento de um jovem morador desta comunidade. Nele os personagens vão um a um lembrando-se de sua juventude e de tudo o que viveram até aquele momento: suas vitórias, seus fracassos, suas opções de vida, remorsos, escolhas...

Nem todas as lembranças são felizes e pensam se suas escolhas foram as corretas. Começa com Rusi, que repensa seu casamento, seus sonhos, suas idealizações. Ele é casado com Coomi, e sofrem calados pelo fracasso de seu casamento. Casamento feito de mágoas, ressentimentos, palavras cruéis, indiferença. Dosa, uma mulher inteligente, geniosa, irascível, fofoqueira que esconde uma vida de mágoas e desilusões. Jimmy, o garoto órfão que conseguiu tornar-se um advogado empresarial bem sucedido casado com Zarin, uma mulher de fibra, e seu filho, Mehernosh, sobre quem deposita muitos sonhos. Soli, um homem solitário que perdeu a chance de ficar com o grande amor da sua vida. Tehmi, a moradora mais triste e solitária, cuja vida foi repleta de tragédias. Todos eles têm suas vidas entrelaçadas pela amizade e convívio.

O livro também nos mostra uma Bombain, com transito caótico, barulhenta, poluída, pobre, cheia de mendigos, esfomeada e violenta. A desigualdade social é tão grande que os ricos não podiam ostentar suas riquezas e nem sair tranquilamente nas ruas.

A DOÇURA DO MUNDO - THRITY UMRIGAR - LIVRO 3

Resenha escrita por Sueli Couto
A DOÇURA DO MUNDO - THRITY UMRIGAR - LIVRO 3

Escolhi ler este livro, por ser da mesma autora de meu livro preferido, A Distância entre nós.

É um romance rápido, de leitura fácil, sensível, que relata a relação entre familiares, as diferenças culturais, costumes e gerações. É uma história envolvente, cativante, cheia de recordações, reflexões, saudosismo e melancolia. 

Conta a vida de Tehmina Sethna, que após a morte do marido Rustom, decide aceitar o convite de seu filho para passar um tempo com ele e sua família. Seu filho, que foi estudar nos Estados Unidos, se casou com Susan tem um filho e vive uma vida no perfeito estilo americano. 

Tehmina, que se encontra sensível e frágil, tenta se adaptar à cultura ocidental, sofre com a rejeição de sua nora, com a diferença de educação de seu neto, e se sente solitária num mundo totalmente diferente do seu. Enquanto tenta sobreviver, Tehmina se apega e se envolve com dois menininhos da casa ao lado, e sofre junto com eles por serem maltratados por uma mãe relapsa e negligente. Contra a vontade de Susan e Sorab tenta ajuda-los. E ao agir em favor de dois meninos sem querer rompi com as barreiras entre as duas culturas.

O livro trata da dúvida entre escolher uma nova vida e o retorno à cidade de Bombaim, que cada vez mais lhe desperta saudades e doces lembranças. E tomar esta decisão sozinha a aterrorizada, pois desde jovem todas as suas decisões eram embasadas na opinião do marido.

Durante a história percebe se o crescimento de Tehmina e a busca pelo seu próprio espaço.

Frase

“Tehmina, querida. O que eu quero lhe dizer é isto: seja valente. Coragem, janu, minha amada. Foi por essa pessoa que eu me apaixonei, por minha mulher destemida e sem papas na língua. Quem é a mulher tímida e assustadiça que está no lugar dela? Não a reconheço. Então, por favor, janu. Seja feliz. A vida continua, sabe?”

A ARTE DA GUERRA - SUN TZU - LIVRO 2

Resenha escrita por Sueli Couto
A ARTE DA GUERRA - SUN TZU - LIVRO 2

É considerado o mais antigo tratado de guerra e hoje parece destinada a secundar a guerra das empresas no mundo dos negócios.

Sun Tzu existiu? É uma figura lendária? Pouco importa, o fato é que as ideias do filósofo-estrategista de quase 2.500 anos chega até nós. Este tratado hoje migrou das estantes do estrategista para a dos economistas e do administrador.

Sun Tzu, súdito do rei da província de Wu, foi o homem mais versado que jamais existiu na arte militar. A obra que escreveu e os notáveis feitos que praticou é uma prova de sua profunda capacidade e de sua experiência bélica.

A arte da guerra é de importância vital para o estado. É uma questão de vida ou morte, um caminho tanto para a segurança como para a ruína. Assim, em nenhuma circunstância deve ser negligenciada.

A arte da guerra é governada por cinco fatores constantes, que devem ser levados em conta. São: a Lei Moral; O Céu; a Terra; o chefe; o Método e a disciplina.

Originalidade deste tratado?

É melhor ganhar uma guerra antes mesmo de desembainhar a espada. O inimigo não deve ser aniquilado, mas, de preferencia deve ser vencido quando seus domínios ainda estiverem intactos.

São 13 capítulos onde salienta a disciplina, a organização, o planejamento, a avaliação, os cálculos, resolução de dificuldades, estratégias, prudência, firmeza, conhecimento, controle, habilidade, coragem, força e tática para garantir a vitória.

Frases
"Comandar muitos é o mesmo que comandar poucos. Tudo é uma questão de organização. Controlar muitos ou poucos é uma mesma e única coisa. É apenas uma questão de formação e sinalizações".

“Lembre-se dos nomes de todos os oficiais e subalternos. Inscreva-os num catálogo, adotando-lhes o talento e suas capacidades individuais, a fim de aproveitar o potencial de cada um. Quando surgir oportunidade aja de tal forma que todos os que deves comandar estejam persuadidos que seu principal cuidado é preservá-los de toda desgraça.”

“Conhece teu inimigo e conhece-te a ti mesmo, se tiveres cem combates a travar, cem vezes serás vitorioso.
Se ignoras teu inimigo e conheces a ti mesmo, tuas chances de perder e ganhar serão idênticas.
Se ignoras ao mesmo tempo teu inimigo e a ti mesmo contarás teus combates pelas tuas derrotas.”

Não me empolguei com o livro, não foi o que imaginei após ler tantos elogios sobre ele.

AS BOAS MULHERES DA CHINA - XINRAN - LIVRO 1

Resenha escrita por Sueli Couto

AS BOAS MULHERES DA CHINA - XINRAN - LIVRO 1

O livro As boas mulheres da China é escrito por uma jornalista chinesa, Xinran, que foi apresentadora de um programa de rádio “Palavras na brisa noturna" em Nanquim até por volta de 1997. Neste programa, que começou em 1989, ela discutia vários aspectos do cotidiano e sugeria meios de lidar com as dificuldades da vida e tentava, neste lento processo de abertura da China, ajudar as pessoas a desabafar.

Recebeu muitas cartas de mulheres chinesas que viviam de forma sofrida e enfrentavam muitos problemas. A partir daí sente necessidade de saber mais sobre a vida intima das chinesas e começa a pesquisar os seus diferentes antecedentes culturais. Durante oito anos, Xinran, coletou muitos relatos sobre a vida da mulher chinesa, na tentativa de entender a condição feminina na China moderna.

São relatos tristes, fortes e chocantes sobre a condição feminina na China, sob o regime socialista em época de Revolução Cultural.

São histórias comoventes como as da menina que desenvolveu uma relação de afeto com uma mosca pela leveza de seu toque, o único toque gentil que recebeu na vida; da universitária fria, fruto de nova geração, criada num lar sem afeto e sem emoção; da catadora de lixo que viveu totalmente por seu filho e lhe permitiu ver seu coração; da menina que foi criada como um menino e, depois de estuprada por um grupo de homens, apaixona-se por uma ativista homossexual que lhe ensinou sobre os prazeres da sexualidade; da filha de um general considerado traidor na época da Revolução, que enlouquece e os homens aproveitam-se dessa fraqueza e estupram a menina inúmeras vezes até que a família a encontre em um estado de quase catatonia e passa a vida internada; de casamentos arranjados pela revolução e muitas outras.

Destaco entre tantas histórias, a que mais me tocou: o relato das mães que sofreram um terremoto.

Um relato extremamente doloroso de perdas, comoção, solidariedade, sofrimento e violência. Após ler este relato, assim como Xinran, chorei muito diante de uma situação muito difícil de aceitar e de tanto sofrimento e impotência.

A escritora relembra também sua dolorosa infância e por fim, narra o motivo que a fez abandonar a China e se mudar para Londres.

O livro foi inspirado em perguntas que uma universitária lhe propôs quando se encontraram: ''Qual é a filosofia das mulheres? O que é a felicidade para uma mulher? E o que faz uma boa mulher?''

O que dizer após ler sobre tantas barbáries, sobre uma política que pensa ter o poder de dizer o que o cidadão deve pensar e sentir, dos preconceitos, as desigualdades, o desrespeito? Uma tristeza profunda, uma incredulidade, uma impotência.
Um livro emocionante, belo, denso, profundamente triste mas também informativo e que vale muito a pena ser lido.

Frases
“Quando alguém mergulha nas próprias recordações, abre uma porta para o passado; a estrada lá dentro tem muitas ramificações e a cada vez o trajeto é diferente.”

“É mesmo? Você gosta dessa canção?
Sim, gosto, gosto muito. Tanto da letra quanto da música, especialmente tarde da noite. É como um quadro composto a perfeição.”

“Depois que deixam este mundo, as pessoas ficam vivas nas lembranças dos que ficam. As vezes se pode sentir a sua presença, ver-lhes o rosto ou ouvir a voz delas.”

domingo, 29 de abril de 2012

Nuvem de Pássaros Brancos – Yasunari Kawabata

Resenha escrita por Andreia Morales Cucio

Nuvem de Pássaros Brancos é um romance japonês onde o personagem principal Kikuji Mitani é envolvido em uma trama de amor e ódio.

Toda a história tem como pano de fundo a cerimônia do chá, tradicional na cultura japonesa.

Kikuji Mitani encontra, anos depois da morte de seu pai, em uma cerimônia de chá com duas antigas amantes do falecido: a viúva Ota e Xikako. A partir desse encontro sua vida muda.

Xikako luta por arranjar um casamento para Kikuji. E a senhora Ota, passa a ter um relacionamento amoroso com Kikuji.

Entre elas ainda há Fumiko, filha da Sra. Ota, que aos poucos cava um lugar para si própria no coração de Kikuji e Inamura a pretendente que Xikako insiste em apresentar e a casar com Kikuji.

Kikuji é quase uma vítima de conjecturas femininas, de ações que por pouco não lhe destituem de todo, ou quase todo, o poder sobre sua vida.

Apesar da leitura ser permeada de termos da cerimônia do chá e da cultura japonesa, o fim surpreendente vale a leitura.