segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

O trem do Natal, David Baldacci (dezembro/2013: livros de Natal)

Resenha de Ana Britto

David Baldacci nos oferece uma estória deliciosa, com personagens habitantes de grandes cidades, às voltas com suas vidas corridas, frustrações profissionais e desencontros amorosos. Tom Langdon, o personagem principal, é um jornalista experiente, já cobriu várias guerras e calamidades e por isso mesmo tudo o que quer agora é escrever sobre ameninidades e viver da melhor maneira que puder, embora não se sinta exatamente realizado com isso. À procura de inspiração para um livro, resolve empreender uma longa viagem de trem, de Nova York para Los Angeles, aproveitando uns dias de férias exatamente na época do Natal. A viagem revela-se extremamente interessante não só pela diversidade de pessoas a bordo do trem, mas principalmente pelas lembranças do passado e da possibilidade de reencontro com uma pessoa importante em sua vida.

O Natal no hemisfério norte pode apresentar grandes desafios em termos de natureza, tendo em vista tratar-se do inverno. E esta viagem de trem não ficará imune a isto. Haverão situações de perigo que colocarão em cheque toda a organização e relacionamentos ali estabelecidos. E é nessas situações limite que as personagens terão que se revelar cada vez mais e terão que se colocar a serviço do grupo. Ao final, surpreendentes presentes de Natal serão percebidos.

Gostei muito do livro, recomendo. É realmente um livro que reforça os sentimentos natalinos, de união, de amizade, de amor e de dar o melhor de si em tudo que se fizer.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

LOLITA, de Vladimir Nabokov (Novembro/2013: Livros que foram banidos)

Resenha de Ana Britto

Esta não foi uma leitura fácil para mim. Sou mãe de tres pessoas, sendo duas meninas e foi perturbador ler as confissões de um pedófilo cujo alvo eram meninas. Garotas por volta dos doze anos, no desabrochar da adolescência e por ele nomeadas de ninfetas, termo que se tornou popular com a publicação do livro. Porque estas meninas, embora se mostrem como as crianças que ainda são, já apresentam um início de sexualidade e sensualidade prenunciadores das futuras mulheres. 

O livro que li em outubro, sobre superação, foi o relato autobiográfico de Natasha Kampusch sobre os anos de seu sequestro, feito por um pedófilo. Natasha foi sequestrada aos dez anos de idade e só conseguiu fugir aos dezoito. Ela fala da sutil manipulação emocional que uma criança é capaz de fazer uma perceber o grande interesse de um adulto por ela. E isso, de alguma forma, bateu com o que o que Nabokov diz sobre as ninfetas, essa confusão entre sua inocência/vulnerabilidade/consciência.
Nabokov escreveu este livro como a memória/ confissão de “Humbert Humbert” (nome fictício, ele faz questão de esclarecer), atormentado pela culpa, que está preso, aguardando julgamento e que vem a falecer de morte natural antes disto acontecer. O livro conta a estória deste personagem difícil, suas taras, disfarces e estratégias.
Lolita causou muitas polêmicas, foi proibido em vários países mas hoje é um dos livros mais lidos e vendidos. Já foi filmado algumas vezes e a versão de 1997, de Adrian Lyne, com Jeremy Irons, é realmente muito boa e fiel ao livro. No posfácio, Sobre um livro intitulado “Lolita”, o autor esclarece várias circunstâncias da criação deste romance e diz que “...muitas pessoas inteligentes, sensíveis e resolutas compreenderam meu livro muito melhor do que eu poderia aqui explicá-lo”.

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

3096 dias, de Natasha Kampusch (outubro/2013: histórias de superação)

Resenha de Ana Britto
 
Natasha é uma moça austríaca, de Viena, que foi raptada por um homem vinte anos mais velho que ela quando tinha 10 anos de idade. Ela foi mantida prisioneira, no porão da casa dele, por oito anos e, aos 18 de idade, conseguiu fugir, sozinha, por sua própria conta, num momento de descuido de seu raptor. O título do livro diz exatamente a quantidade de dias em que ela foi mantida em cativeiro.
 
Várias coisas me chamaram a atenção neste livro: a consciência de Natasha de sua psiquê, de sua relação diferente com o raptor (único ser humano em sua vida durante aqueles oito anos),  de como pode crescer como pessoa e de como decidiu seu futuro, ou seja, sua fuga. Ela relata suas inseguranças infantis, a vida que tinha antes do sequestro, como teve que enfrentar seus medos e aprender rapidamente como lidar com aquele homem tão mais velho e ao mesmo tempo tão incoerente (capaz de raivas e castigos impensáveis) e, sem expor sua privacidade, nos mostrar como pode crescer e amadurecer.
 
É interessante salientar que o raptor tinha interesse em ter uma companhia/parceira inteligente e culta, embora totalmente subjugada a ele, uma escrava em suas próprias palavras. E para isso, ele providenciou livros de leitura clássicos, música e depois de alguns anos, quando já se sentia mais confiante com a submissão de Natasha, até uma estação de rádio educativa. Mas como parte da lavagem cerebral que julgava necessária para mantê-la submissa, ele fazia questão de afirmar e reafirmar a falta de amor e importância dela na família e na sociedade em geral.
 
O livro termina logo após a narração de sua fuga e ficamos com a alma lavada de pensar que finalmente aquela brava moça, que conseguiu se manter inteira naquela situação totalmente inóspita, não só em termos físicos mas também psicológicos, está livre daquele monstro e da prisão que ele criou pra ela.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Pedro e Paula, de Helder Macedo (Set/2013 -autores portugueses contemporâneos)

Resenha de Ana Britto

Através de minha irmã caçula, apreciadora da literatura portuguesa, cheguei a Helder Macedo, crítico literário e catedrático de Camões no King’s College, em Londres, que se tornou um autor aclamado tanto pela crítica quanto pelo público com este e outros livros. Fama merecida porque, pelo que vi neste primeiro livro que li, além da estória ser instigante e interessante a maneira como ele a conta nos faz pensar não só porque traz muitas referências contemporâneas mas também porque joga luz sobre acontecimentos recentes e até ainda presentes em nossas vidas.

Pedro e Paula são irmãos gêmeos nascidos em 1945, logo após o final da Segunda Guerra Mundial, completamente diferentes um do outro não só fisicamente mas psicológica e emocionalmente. E que, mesmo sendo muito amigos desde sempre, viverão controvérias ao longo da vida que já se anunciavam naquele momento inicial. Assim como Helder Macedo, os gêmeos passaram sua infância e adolescência em Moçambique, antes da independência do país, enquanto era colônia de Portugal e se mudaram para Lisboa no início da juventude, ao ingressar na Faculdade de Medicina (Pedro) e Escola de Belas Artes (Paula). E se tornaram adultos naqueles efervescentes anos ’60, participantes das revoluções de maio de 68 em Paris, Lisboa e Londres. Toda a história política de Portugal e suas colônias, assim como a relação com o Brasil, especialmente e outros países é pano de fundo da estória de vida dos gêmeos.

O autor/narrador nos conta a estória de Pedro e Paula como um conhecido que encontramos num bar ou num café, fazendo comentários sobre o ambiente social e o comportamento das personagens, apresentando justificativas pelo relato demorado em certas situações, explicitando as conexões com os acontecimentos da época e ao final, nos atualizando sobre a situação de cada um dos personagens do livro. E tudo isso, munido de uma fina ironia que nos remete um pouco a Machado de Assis, que ele cita algumas vezes como aqui, em que diz que (ele)”encontrou aquela maneira muito especial de falar do que é no modo condicional, dizendo ao mesmo temppo o que poderia não ser e portanto poderá viar a ter sido, como Deus nos anos 60.”

domingo, 22 de setembro de 2013

Contágio Criminoso, de Patrícia Cornwell (Agosto/2013 - Vingança)

Contágio Criminoso - Patrícia Cornwell

Adriana V. F. da Silva

Este romance policial é o oitavo de uma série protagonizados pela médica-legista Kay Scarpeta. A história começa quando um cadáver é encontrado no meio do lixo, num aterro sanitário da Virgìnia(USA). Detalhes como a amputação habilidosa da cabeça e dos membros indicam que o autor do crime sabe lidar bem com ferramentas para autópsia. A narrativa tem muitos detalhes técnicos, o que deixa a leitura um pouco lenta, depois que vc se acostuma, desenvolve-se num ritmo mais intenso, ficando melhor do meio para o fim. O final para mim foi surpreendente. A Doutora Kay Scarpeta lembra muito o protagonista da série CSI.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

O Clube das Desquitadas, Olivia Goldsmith (Agosto 2013: Vingança)

Resenha de Ana Britto

O título original deste livro, em ingles, é The First Wives Club, que numa tradução mais literal poderia ser O Clube das Primeiras Esposas ou O Clube das Ex-esposas. O interessante é que esta versão brasileira é bem adequada à nossa realidade, à nossa cultura. Porque este livro é de 1992 e o divórcio no Brasil, do jeito que é nos Estados Unidos, permitindo que as pessoas se separem e se recasem quantas vezes quiserem, sem nenhuma exigência de prazos nos intervalos, só foi estabelecido de fato em 2009. Antes era necessário ou um ano de separação judicial em casos expressos na lei ou comprovada separação de fato por mais de dois anos. E este intervalo, entre a separação e o divórcio era o desquite, que seria futuramente, uma vez vencido este prazo estipulado em lei, convertido em divórcio.
A estória das amigas ricas e cinquetonas Elise, uma famosa ex-atriz, Brenda, contadora que conhece algumas estratégias contábeis não convencionais, digamos assim, e Annie, mãe afetuosa e aspirante a escritora, que após lerem a carta póstuma de Cynthia resolvem se juntar para punir o abandono dos quatro ex-maridos parece meio estereotipada mas só que não. Infelizmente numa sociedade machista e de super valorização da juventude ainda se vê por aí de montão a troca de mulheres maduras por ninfetas deslumbradas como “troféus”, como diz a autora, como sinal de sucesso e de distinção de homens maduros. Elise, Brenda e Annie se reúnem, nomeiam os pontos fracos de seus ex, fundam o clube, estabelecem seus objetivos e criam estratégias para alcança-los.
A leitura deste livro proporciona aquela sensação de vingança, de justiça feita, um pouco parecida com a satisfação obtida nos filmes de Tarantino. Só que aqui, no livro, não há sangue nem tiros, tudo é muito bem feito e exclusivamente dentro da lei. O castigo supremo é a publicação do próprio livro em questão, narrando toda a batalha e os detalhes sórdidos dessa luta.

O vermelho e o negro, Stendhal (Jul/2013 - Cor ou cores no título)

Resenha de Ana Britto

Livro curioso este, com citações clássicas antes de cada capítulo, que a mim causaram mais estranheza do que compreensão, mas que me impressionou pela crítica à hipocrisia generalizada na sociedade. A descrição das estratégias e dos raciocínios maquiavélico dos personagens fizeram com que este romance estivesse presente também na lista de romances psicológicos.
Julien Sorel sonhava em ser soldado de Napoleão, a quem idolatrava, mas acaba tornando-se padre, carreira destinada aos inteligentes e estudiosos. Ele era um rapaz bonito e extremamente pobre e soube aproveitar as oportunidades que lhe foram oferecidas, tornando-se respeitado. Suas observações sobre a vida da corte, sobre as pessoas são marcantes, assim como seu plano para conquistar a mulher desejada, quase que por puro capricho. Mas é o velho ditado de que o feitiço pode virar contra o feiticeiro que vinga. Ao conquistar a mulher desejada, que por acaso também era proibida, ele se torna refém de avassaladora paixão. E após reviravoltas mil essa paixão acabará por destruí-lo.
Embora esta estória se situe num período histórico distante (após a Revolução Francesa), as observações de seus personagens sobre os acontecimentos sociais e seus personagens é surpreendentemente atemporal. Como por exemplo este parágrafo da versão da coleção Imortais da Literatura Universal, da Nova Cultura,  tradução de Maria Cristina F. Da Silva, na página 258:
“Tal é ainda, mesmo neste século aborrecido, o império da necessidade de se divertir que, mesmo nos dias de jantares, mal o marques abandonava o salão, toda a gente desaparecia. Contanto que não se brincasse nem com Deus nem com os padres nem com o rei nem com os artistas protegidos pela corte nem com tudo que é estabelecido;  contanto que não se falasse ....... do que parecesse liberdade de opinião;  contanto que, sobretudo, não se falasse nunca de política, podia-se livremente discorrer sobre qualquer coisa.”

Perto do coração selvagem, Clarice Lispector (Jun/2013 - Romance Psicológico)


Resenha de Ana Britto

Este foi o primeiro livro publicado da autora e causou um rebuliço na crítica literária. Eu que só havia lido livros infantis dela (e olha que possuo o livro desde o ano de 2000, presente de aniversário de pessoa querida) tive um choque com esta leitura. Porque Clarice escreveu este livro quando tinha dezessete anos! Como pode ser que uma garota tenha conhecimento de todo aquele mundo de uma mulher? Tantas emoções, dúvidas, sobressaltos, sonhos, devaneios...
Joana, uma mulher casada, que se lembra de sua infância, de sua grande amiga, do início do namoro com o homem com quem se casou e que, agora, se vê diante de situações inesperadas. A estória dela, mais do que narrada propriamente dito, é contada pela descrição do emaranhado de seus pensamentos, pelos sinuosos caminhos de suas idéias que chegam e vão e voltam por onde não se espera, pelas sensações surpreendentes que mostram o desenrolar de dores, alegrias, raivas, lembranças, tanta coisa. E a leitura destes caminhos acabam por iluminar e explicitar coisas sobre quem lê, coisas que a gente nem sequer suspeitava ou não tinha coragem de nomear. A partir daí o diálogo está estabelecido, e a gente se surpeende, se espanta em ler nossas emoções e idéias descritas com tal precisão.
Este é um livro pra ler e reler quantas vezes se quiser ou puder. E a cada vez haverá coisas diferentes para se descobrir e para apre(e)nder.
“Que mistérios tem Clarice!” (Caetano Veloso)

O sol também se levanta, Ernest Hemingway (Mai/ 2013 - livros citados em filmes)

Resenha de Ana Britto

Juro que li em algum blog, que não consigo mais lembrar qual era, muito menos achar pelo google, que o filme “10 coisas que odeio sobre ela” menciona este livro de Hemingway. Não vi o filme (ainda) mas guardei a informação e li o livro.
Este é um daqueles livros que fala de uma turma de jovens contemporânea à aquela mencionada no livro “O grande Gatsby” de Fitzgerald. Quer dizer, em ambos os livros a turma é de jovens adultos norte americanos ricos, mas os personagens de Fitzgerald são extremamente superficiais e fúteis enquanto que os de Hemingway são apaixonados com a vida europeia, tão diferente do american way of life, e com uma vontade absurda  de experimentar tudo e viver intensamente.
O personagem principal deste livro, Jake, é uma espécie de alter ego de Hemingway: escritor, mulherengo e apaixonado por touradas e lutas. Ele ama Brett, uma mulher livre  e liberada, que embora retribuindo seu amor, prefere ter um noivo rico e dócil, submisso à sua vontade. Isso até ela ser totalmente dominada por uma paixão avassaladora por um outro homem, o jovem toureiro estrela da hora naquela temporada. A narrativa daqueles dias em Pamplona e arredores, na Espanha, as festas, as bebedeiras, os amores e as touradas fazem deste um livro bem interessante.
São estes jovens, artistas ou não , não importa a época que vivam, naquela ânsia  de nada perder, de ir fundo nas emoções, acabam por empurrar os limites da vida social e dos comportamentos estabelecendo vanguardas que tempos depois passam a fazer parte normal da vida em sociedade.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Moby Dick, de Herman Melville (Ago/2013 - Vingança)

Resenha de Moby Dick – Herman Melville
Por Débora Paias
A princípio, iniciei a leitura de Moby Dick achando que essa seria minha escolha do Desafio Literário para o mês de animais como protagonistas. Mas, no decorrer da história, acabei constatando que seria mais apropriado encaixá-lo no mês da vingança.
Primeiro, vou falar um pouquinho do enredo, para depois explicar por que acho que Moby Dick, entre muitas outras coisas, é uma história sobre vingança.
O livro inicia-se com uma coleção de excertos de diversas fontes sobre a baleia, ou Leviatã. Tudo isso serviu para aumentar o clima de mistério e, por que não dizer, terror ao redor da figura da temida baleia branca. A história é narrada por Ishmael, um marinheiro que faz suas viagens pelo simples prazer de fazê-las, por gostar de estar no mar. Logo no início do livro, ele trava conhecimento com um “selvagem” chamado Queequeg, e eles acabam se tornando amigos (da maneira estranha como isso é possível).
Juntos, Queequeg e Ishmael embarcam no Pequod, a princípio um típico navio de caça baleeira. O navio zarpa, mas só depois de dias que o capitão sai de sua cabine. O capitão Ahab é denominado no próprio livro como monomaníaco, transformando o que seria uma viagem normal de caça às baleias numa perseguição feroz em busca de vingança contra Moby Dick, que lhe amputara uma perna.
A estrutura do livro é digna de atenção. Dos 135 capítulos, Moby Dick só aparece efetivamente nos últimos três. Todo o resto da história gira em torno desse navio, sua tripulação e suas caças usuais. Entretanto, Melville cria um clima atemorizante em torna de Moby Dick e das baleias como um todo, intercalando capítulos de enredo com outros de análise da fisiologia das baleias, de suas representações nas artes, de seu método de caça e retirar óleo... Enfim, de tudo o que possa ter a ver com as baleias. Em um capítulo, aparece o “Jato Fantasma”, um jato ao longe indicando a possível presença de Moby Dick. Em diversos outros, o Pequod encontra outros navios baleeiros, e a pergunta é sempre a mesma: “Vistes a baleia branca?”. Tudo isso culmina nos últimos três capítulos, três dias de caçada à baleia. Bom, essa estrutura parece bastante, como já vi citado, com a de um filme de terror, no qual o monstro não aparece propriamente, mas vai-se criando um clima de expectativa e medo em torno dele. Essa estrutura me fez gostar ainda mais do livro.
Mas por que acho que Moby Dick é um livro de vingança? Por causa da loucura do capitão Ahab. Ele quer perseguir Moby Dick a todo e qualquer custo e, o pior, convence toda a tripulação a juntar-se a ele nesse intento insano. Para exemplificar, eis um trecho no capítulo 44, “A carta”, que fala do capitão Ahab e de seu desejo de vingança:
Deus, que transes de tormentos suporta o homem consumido por um incomensurável desejo de vingança! Dorme com os punhos cerrados; e acorda com suas próprias unhas sangrentas cravadas nas palmas das mãos.
Também acho muito interessante o capítulo 46, “Conjecturas”, que explica porque, apesar de sua perseguição monomaníaca a Moby Dick, Ahab pretende continuar mantendo o propósito original da viagem, ou seja, caçar as baleias como um todo.
Talvez seja discorrer com excesso de sutileza, mesmo levando em conta sua monomania, insinuar que seu desejo de desforra contra a Baleia Branca pudesse ter se estendido, em certa medida, a todos os cachalotes, e que quanto mais monstros ele matasse tanto mais multiplicaria as possibilidades de que cada baleia encontrada subsequentemente fosse a odiada que ele perseguia.
O homem não é louco?
Já no capítulo 64, “A ceia de Stubb”, depois da captura de uma baleia comum, Ahab está descontente.
Ainda que, na supervisão da captura dessa balei, Ahab tivesse demonstrado sua habitual diligência, por assim dizer; agora que a criatura estava morta, um certo desprazer, ou impaciência, ou desespero, parecia dominá-lo; como se a visão daquele corpo morto o fizesse lembrar de que Moby Dick restava ainda por matar, e mesmo se milhares de outras baleias fossem levadas ao seu navio, isso em nada o ajudaria em seu grande e monomaníaco propósito.
Ahab está tão loucamente focado em sua missão de matar Moby Dick, que ignora o pedido desesperado do barco Rachel (no final do livro) de ajudar no resgate de alguns marinheiros perdidos. Para mim, esse é o capítulo mais bonito do romance.
Consegue o capitão Ahab satisfazer seu desejo de vingança? Bom, isso é algo que não posso revelar. Posso dizer que Moby Dick é um clássico lindo, bem profundo, cheio de metáforas... Para quem não tiver tanta paciência, ler um bom resumo já seria ótimo (o original pode ser bem grande e cansativo em algumas passagens).
O que simboliza Moby Dick? Segundo D. H. Lawrence, nem mesmo Herman Melville sabia. Para mim, Moby Dick simboliza nossos medos, nossas frustrações, nossos erros; o que nos prejudicou e que agora queremos de volta; aquela que engoliu nossa perna, a qual perseguimos desesperadamente de volta. Mas ela também é sublime e grandiosa, tem sangue quente: sentimos a baleia mais do que humana. Talvez eu esteja errada, talvez tenha bem mais aí do que eu enxergo, mas foi isso que senti.
Para finalizar, um trecho que gostei em especial (do capítulo 74, “A cabeça do cachalote – um exame comparativo”):
Não é curioso que um ser tão imenso quanto a baleia veja o mundo com um olho tão pequeno, e escute o trovão com um ouvido menor do que o de uma lebre? Mas se seus olhos fossem tão grandes quanto as lentes do grande telescópio de Herschel; e seus ouvidos tão amplos quanto os pórticos das catedrais; teria por isso um alcance maior da visão ou ficaria com o ouvido mais apurado? De modo algum. – Por que, então, você procura “ampliar” sua mente? Aprimore-a.

terça-feira, 30 de julho de 2013

A cor púrpura, de Alice Walker (Jul/2013 - Cor ou cores no título)

Mês de Julho Mês das Cores
Livro: A Cor Púrpura
Autora: Alice Walker
Por: Lucélia Maia
    O mês de julho foi dedicado as cores com uma finidade de opções a minha preferência foi pela cor roxa ou como preferir o livro lido foi:  A Cor Púrpura de Alice Walker.
    Publicado em 1982 e ganhador do Prêmio Pulitzer o livro tem como tema principal a vida dura e cheia de discriminação dos negros americanos do começo do século XIX, como um foco principal nas mulheres negras.
    O livro nos conta a estória de Celie ou melhor ela nos conta sua estória, pois, o livro tem o formato de diário/cartas como uma forma desabafo para Deus. Celie é semianalfabeta e a autora é muito fiel a isso pois os escritos é de pessoa nessa realidade.
    Celie é uma negra, pobre, se torna órfã de mãe e sem nenhuma instrução sua vida é muito sofrida. Logo no início é estuprada pelo o pai, com quem tem dois filho, em seguida é forçada a se casar com Albert, apanha quase todos os dias, não é respeitada pelos filhos do seu marido. Ela não reclama e não se desespera simplesmente vive essa vida medíocre sem expectativa de nada, acha tudo muito normal nem raiva tem das pessoas.
    Sua vida começa a mudar quando ela conhece Doci Avery, cantora, mulher com muita personalidade e amante de Albert. As duas se tornam amigas e depois amantes.
    O romance é um livro envolvente, cativante, tem uma história forte muito bem escrita onde todos os personagens com o passar do tempo se desenvolve, amadurece e mudam as opiniões e a visão de vida.
    Existe um momento que merece um destaque especial na obra é a parte que a Celie passa por uma situação em que ela dá uma basta. E a primeira pessoa que ela se revolta é com Deus e a uma discursão sobre a existência de Deus com a Doci. Pois a visão de Celie tem de Deus é que ele é um homem velho e branco e a Doci tenta mostrar que Deus não é um homem Deus é uma força maior que está em tudo.
    Uma coisa que a autora deixou de explorar foi o preconceito que as pessoas tem com romances homossexual, por mais que existem leis, as pessoas são mais esclarecida até hoje tem muito preconceito. E na obra tudo muito normal e natural. Nenhum dos personagens acha estranho o comportamento das duas em pelo século XIX eu acho difícil.
    O romance A Cor Púrpura é maravilhoso recomendadíssimo, vale muito a pena ser lido.   

O Vermelho e o Negro – Stendhal (Jul/2013 - Cor ou cores no título)

Resenha de O Vermelho e o Negro – Stendhal
Escrita por Débora Paias
    Como eu sou uma leitora voraz de clássicos e acredito piamente na necessidade de se lê-los, uma hora ou outra eu ia me deparar com Stendhal e seu “O Vermelho e o Negro”.
    “O Vermelho e o Negro” conta a história do jovem Julien Sorel, na França dos anos 1830. Filho de camponeses, mas dotado de uma notável memória, Julien dedica-se no fim de sua adolescência aos estudos que farão dele padre, única perspectiva de “crescer na vida” para pessoas de seu nível. Mas o que Julien realmente almeja – sem que contudo possa dizê-lo para ninguém – é ser alguém tão grande quanto seu herói, Napoleão. Se o rapaz tivesse nascido apenas dez anos antes, poderia realizar-se durante as guerras napoleônicas. Mas o acaso fez com que ele fosse simplesmente Julien Sorel, estudando e atrás de empregos de tutor que pudessem ajudá-lo a ser grandioso.
    A história também é centrada nas paixões do jovem Julien, principalmente por duas mulheres: a mulher do prefeito de sua cidade natal, a Sra. de Rênal, e a aristocrata Mathilde de La Mole. O drama psicológico de Julien e das mulheres que ele amou é particularmente confuso, e achei que várias passagens foram lentas, tornando a leitura cansativa.
    Em poucas palavras, eu não gostei tanto da leitura de “O Vermelho e o Negro” quanto de outros clássicos. A bem dizer a verdade, mal entendi o propósito do livro em si, exceto talvez representar uma geração da história da França. A leitura foi arrastada, demorada e cansativa. As últimas 100 páginas foram um pouco mais empolgantes, mas mesmo assim não foi o suficiente para tornar este um dos meus livros favoritos.

domingo, 28 de julho de 2013

O Tigre Branco, de Robert Stuart Nathan (Jul/2013 - Cor ou cores no título)

(Dinha)

Resenha:

Tudo começou num período pós premiê Mao e a Revolução Cultural no qual a morte de Sun Sheng, um grande amigo de Hong inicia suas suspeitas de que talvez essa morte fora provocada por alguém, mas porquê? O que seu querido amigo descobrira a tal ponto que outras pessoas o queriam calado?


Hong trabalha como Assistente chefe das Relações Públicas no Bureau, onde foi designado por Wei Ye, uma dos três tigres, para investigar Peter Ostrander que poderia ser um espião americano que voltara a China para roubar os fósseis encontrados há cinqüenta anos por seu pai Theodore Ostrander. Mas apenas com muita investigação e ajuda de seu assistente Chan e muitos funcionários do Bureau, Hong descobre cada vez mais e precisa fazer uma linha cada vez maior para unir todos os fatos.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

S. Bernardo, de Graciliano Ramos (Jun/2013 - Romances Psicológicos)

Resenha escrita por Débora Paias


    Meu interesse por S. Bernardo começou quando eu ouvi dizer que a história é bem parecida com Dom Casmurro, um dos meus livros favoritos. Eu já havia lido Vidas Secas do Graciliano Ramos e tinha amado, então S. Bernardo sempre esteve na minha listinha de livros a se ler.
    S. Bernardo é narrado por Paulo Honório, a criatura mais mal-humorada que existe no mundo. O princípio do livro é muito parecido com Dom Casmurro: ele nos conta sua intenção de escrever um livro narrando sua vida e os esforços que faz em tentar alcançar esse objetivo. Interessante foi uma conversa dele com um dos amigos de quem ele pede ajuda para escrever. Esse amigo dizia que não podia se escrever como se fala, mas Paulo Honório vai contra. É o que ele vai fazer, escrever como se fala, o que nos faz acreditar numa ideia de verossimilhança, quando sabemos que pode não ser bem assim.
    Paulo Honório não teve família. Através de muitas tramoias, conseguiu adquirir a propriedade de S. Bernardo, uma fazenda no nordeste. A fazenda prosperava bem, ele conseguiu ficar “bem de vida”, até que de repente decide que quer se casar. Ele não sabe bem com quem, até conhecer Madalena. Madalena é uma professora, muito melhor instruída do que Paulo Honório, uma pessoa boa e que ajuda os outros. É da divergência entre essas personalidades e com muitos delírios de ciúme que a história vai sendo construída.
    A história lembrou Dom Casmurro em diversos pontos. Primeiro, os dois narradores são realmente bem parecidos e os seus propósitos de preencherem o vazio de suas vidas escrevendo também são os mesmos. Os ciúmes de ambos também são bem parecidos. Vale a pena ler os dois livros e fazer uma comparação.
    O modo psicológico como a história é narrada também é bem interessante. Há capítulos onde delírios se misturam com as lembranças. Somos conduzidos junto com os pensamentos de Paulo Honório, pensamentos estes bastante confusos e atordoados, que nos fazem sentir como ele.
    Achei S. Bernardo uma leitura bem fluida. Embora esteja cheia de termos meio desconhecidos, vindos do nordeste brasileiro, dá para acompanhar o contexto sem ter que parar muito para ir ao dicionário. Os capítulos são bem curtinhos, o que ajuda bastante também.
    Enfim, S. Bernardo é uma história de como um homem pode ter tudo, mas de repente sua personalidade hostil põe tudo a perder. É uma história de como a felicidade às vezes está bem a frente, mas não se percebe. É uma história amarga de culpa e remorso.
   

terça-feira, 2 de julho de 2013

O Morro dos Ventos Uivantes, de Emily Brönte (Jun/2013 - Romances Psicológicos)


Resenha escrita por Dinha:

Quatro crianças foram obrigadas a se despedir de sua mãe e duas irmãs precocemente, mas apesar de tudo se apaixonaram pelos livros e o conhecimento que os continham. Dentre muitas histórias escritas por Emily Brönte “O Morro dos Ventos Uivantes” foi pouco aceito pelos leitores de 1847, pois fugia dos padrões da época. Uma história na qual uma criada conta a relação de duas famílias vizinhas moradoras do Morro dos Ventos Uivantes e da Granja Thrushcross (onde estão: a criada e o novo morador).
Inicialmente focada na família do Morro onde viviam um casal e duas crianças; no momento em que patrão sai a viajem e inesperadamente volta com um menino aparentemente cigano que encontrara abandonado em seu caminho e não tivera coragem para deixá-lo só e posteriormente será chamado de Heathcilff. Mesmo não sendo facilmente aceito pela família o jovem se adapta ao local e logo faz amizade com a filha do patrão, Catherine Earnshaw. Amizade essa, que levará ao amor e a insanidade de seus amantes, devido a dificuldades e diversas escolhas.
Posteriormente sabemos da Granja Thrushcross e da família Linton, composta também por um casal e duas crianças que diferente dos primeiros são criados da forma mais caprichosa e socialmente aceitável possível. Ao desenrolar da história o inesperado acontece da forma mais complexa possível e muitos corações são, não apenas partidos, mas mutilados da forma mais inesperada possível.

Obrigada ;)

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Orgulho e Preconceito, de Jane Austen (Mai/2013 - Livros citados em filmes)

É um romance escrito por Jane Austen, publicado em 1813. O primeiro título da obra era “First Impressions”(nunca foi publicado com este nome), a autora ao fazer a revisão mudou para o nome atual. Foram feitas várias adaptações para televisão e cinema,eu gostei muito da última(2006) estrelado por Keira Knightley como Elizabeth Bennet. A autora se referia a obra como “seu filho querido”, é o segundo romance preferido dos Britânicos depois do “Senhor dos Anéis”.

A história se ambienta no século XIX na Inglaterra, onde se faz uma crítica social ao comportamento da sociedade aristocrática e o status da mulher da época. Tinha visto o filme primeiro e achei que pudesse ser muito cansativo a leitura, no qual eu me surpreendi e amei o livro. Devo destacar o personagem Mr. Bennet mesmo com a sua irritante indolência, eu me diverti com suas tiradas irônicas.


*
Citado no filme "Mensagem para você".


Resenha escrita por Adriana V. F. da Silva

segunda-feira, 17 de junho de 2013

A hora da estrela, de Clarice Lispector (Jun/2013 - Romances Psicológicos)

Tema: Romances Psicológicos
Livro: A Hora da Estrela
Autora: Clarice Lispector

Resenha escrita por Lucelia Maia
    Você já sentiu dor de dente? Quem nunca sentiu? É dessa forma que esse romance da Clarice nos deixa, com uma dor incomoda igual dor de dente. A dor dente passa quando você vai ao dentista e a dor angustiante da "A Hora da Estrela" só ameniza quando você acaba de ler o livro e vai ser outro mais leve, se é que você vai conseguir ler outra coisa.
    Quando se refere A Hora da Estrela sempre é mencionada a história de uma nordestina nascida em Alagoas chamada Macabéia, me pareceu simples. No entanto, a forma que narrada é eloquente, o narrador parece um escritor angustiado dento que colocar as historia dessa moça de toda forma no papel.
    A Ação desta historia terá como resultado minha transfiguração em outrem e minha materialização enfim em objeto. Sim, talvez alcance a flauta doce em que eu me enovelareis em macio cipó. (pg. 20).
    Clarice Lispector consegui transmitir a aflição do narrador-personagem e escritor da história. É uma espécie making of  da construção de uma obra literária, acredito que para a própria Clarice era assim que funcionava, o enredo está lá, os personagens também porém, escrever não é nada fácil.  
    Não, não é fácil escrever. É duro como quebra rochas. Mas voam faíscas e lascas como aços espelhados. (pg 19)
    Depois de muito refletir sobre a escrita a vida aos poucos ele vai dando forma a nossa personagem Macabéia, a nordestina de Alagoas, órfã, magricela e feia. Tem com profissão datilografa e que exerce de forma penosa. Divide um pequeno apartamento com três colegas. Macabéia simplesmente vive, sem expectativa, sem razão de ser, o único prazer é ouvir rádio nos dias de folga.
    Quero antes afiançar que essa moça não se conhece senão através de ir vivendo à toa (...)(pg. 15).
    A pessoa de quem vou falar é tão tola que ás vezes sorri para os outros na rua. Ninguém lhe responde ao sorriso porque nem ao menos a olham (pg. 16)   
    Até que dia ela conhece Olímpio de Jesus que passa ser seu namorado. Se é podemos definir aquilo de namoro, Olímpio é também nordestino da Paraíba, metalúrgico e ignorante tanto quando Macabéia, os diálogos entre eles chega ser hilário.
    Esse romance não vai para frente, logo José Olimpio termina com ela, de uma forma tão grosseira. Ele comprara Macabéia a um fio de cabelo na sopa ninguém quer comer. E para pior as coisas ele começa a namorar com Gloria amiga de trabalho de Macabéia. Quer dizer pior seria se Macabéia fosse uma pessoa normal (vamos disser assim), ela simplesmente não liga rir da situação e pede desculpa por ser assim.
    Clarice Lispector se utiliza do recurso de epifania, onde ocorre no romance quando Macabéia vai a cartomante indicada pela amiga Gloria. Lá ela se senti de certa forma amada e querida pois, a cartomante te chama de "queridinha", começa a conta a sua vida difícil de ex prostituta. O estase maior é quando a cartomante faz as previsões maravilhosas para Macabéia, nesta hora a protagonista de sente gente viva capaz de ser feliz. É a hora da estrela!
    Assim, quer evitar a dor de dente ou ressaca literária não leia Clarice Lispector e se prive de uma das mais fantásticas viagem a alma humana.  

sábado, 1 de junho de 2013

Orgulho e Preconceito, de Jane Austen (Maio/2013 - Tema Livros Citados em Filmes)

Livro: Orgulho e Preconceito – Jane Austen
Filme: Mensagem para Você
    Esse mês o tema era livros citados em filmes, sendo assim, para minha imensa alegria escolhi a escritora Jane Austen, uma escritora que fazia muito tempo que gostaria de ler. E porque não começa pelo o livro mais popular da autora Orgulho e Preconceito, que neste ano completou 200 anos que foi escrito.
    Muita gente considera Jane Austen como escritora de “mulherzinha”, ou seja, autora de romances românticos, histórias para donas de casa, sem muita profundidade, já foram comparados a romances de banca de jornal. Nada contra de quem gosta desse tipo de romance que vende em banca de jornal, as pessoas tem que ler o que elas querem. No entanto, Jane é muito mais que um simples romance romântico.
    Em seus romances ela relata principalmente o comportamento da sociedade da época, com muita sátira, bom humor e porque não romance, porque a vida não é só preto no branco ou só trabalho, ninguém passa pela vida sem ter vivido um romance conturbado, uma paixão sem limites ou um flerte proibido.
    Em Orgulho e Preconceito Jane, além de relatar com muita propriedade os costumes da época também eleva um ponto muito importante, que por incrível que pareça mesmo depois de 200 anos ainda está presente da sociedade atual que é a preocupação que temos e damos ao dinheiro. Dinheiro esse que gera tanto orgulho e preconceito.
    Neste romance os personagens são muito cativantes, ate aqueles insuportáveis como, por exemplo: a mãe da protagonista a Sra. Bennet sempre muito preocupa em casar as filhas com rapazes importantes e ricos, se você parar para analisar você conhece muitas Sra. Bennet. Outro personagem que me lembrou de muito as “Marias Chuteiras”, “Marias Tatames” é a personagem Lygia Bennet a quarta irmã da protagonista, ela é uma “piriquete” de primeira categoria.
    A protagonista Elisabeth Bennet, ou Lizzy como é chamada por todos, é uma heroína como a maioria das heroínas: é a frente do seu tempo, esperta, inteligente e muito cativante. Seu par não fica atrás o Sr. Darcy é um homem rico, charmoso, orgulhoso, mas se rende aos seus encantos de Lizzy.
    Não poderia ter feito a melhor escolha para esse mês, não queria que o livro acabasse amei todos os capítulos, rir muito como o Sr. Bennet e sua ironia, tive vontade de dá uns tapas em Lygia e com certeza dá umas respostas bem mal educadas para Lady Catherine. Recomendo Jane Austen para todos e vou ler os outros romances.

Vinte Mil Léguas Submarinas, de Júlio Verne (Maio/2013 - Livros citados em filmes)

Vinte Mil Léguas Submarinas – Júlio Verne (citado em “De Volta para o Futuro 3”)
Júlio Verne é, eu diria, o pai da ficção científica. Ele amava inventar essas histórias mirabolantes (para a época, porque hoje seriam até plausíveis), rechear de fatos científicos e dar a tudo uma feição de verdade. Vinte Mil Léguas Submarinas não foge ao padrão.

O livro começa com uma preocupação crescente entre a comunidade científica com um grande "cetáceo" veloz e forte que anda prejudicando os navios pelo mundo. Numa expedição atrás do tal cetáceo, o naturalista francês Aronnax, seu ajudante flamengo Conselho e um arpoador canadense Ned Land acabam sendo lançados no mar e pegos pelo cetáceo, que acaba não sendo cetáceo nenhum, e sim um forte e altamente tecnológico submarino, chamado Náutilo e governado pelo Capitão Nemo. 

As aventuras giram a partir daí, já que os três são uns "prisioneiros bem tratados" do Náutilo, já que não têm a perspectiva de voltar a suas vidas anteriores, mas junto com o Capitão Nemo vivem enormes aventuras submarinas, como caçadas em florestas marítimas, pérolas de milhões de francos, a descoberta do pólo sul, entre muitas outras.

O descontentamento com a falta de liberdade vai crescendo no decorrer dos meses à medida que eles percebem que talvez o Capitão Nemo não seja só um homem solitário, amante do mar. Será que algum plano de vingança está envolvido na confecção e uso do Náutilo? O que, afinal, tem o Capitão Nemo em mente?

A Dama do Cachorrinho e Outros Contos, de A. P. Tchekhov (Maio/2013 - Livros Citados em Filmes)

A Dama do Cachorrinho e Outros Contos – A. P. Tchekhov (citado em “O Leitor”)
Devido a meu grande interesse em literatura russa, experimentei A Dama do Cachorrinho e Outros Contos, de A. P. Tchekhov com a finalidade de conhecer esse autor tão renomado por esse gênero literário. O livro foi um pouco cansativo de se ler, mas talvez isso se tenha dado por eu não estar muito acostumada a ler contos, e preferir os romances longos, onde há muitas páginas para eu me apegar aos personagens e aos enredos.

O que também causou estranheza foi a sensação de que alguns contos precisavam de uma ou duas páginas a mais para que eu os julgasse "finalizados". Por fim, descobri que essa "falta de final" é uma característica do estilo de Tchekhov. Não que isso seja necessariamente ruim, pois funcionou perfeitamente em diversos contos. Várias das histórias do livro realmente me tocaram.

Tchekhov, como muitos outros autores russos, tem certa melancolia ao escrever histórias. E, devo confessar, em alguns contos essa melancolia também ficou apegada a mim. Seria pretensioso da minha parte negar o gênio que muitos consideram que Tchekhov seja. Não o nego. Talvez simplesmente não tenha sido meu momento, e eu não estivesse realmente preparada para entendê-lo plenamente. Enquanto isso, vou ficando com Dostoiévski e Tolstói.