quarta-feira, 10 de abril de 2013

Palácio de Inverno, de John Boyne (Abr/2013 - Quatro Estações)

Resenha escrita por Débora Paias
 
Como você sabe que leu um livro bom? Um livro ótimo, excelente, que você tem certeza que levará consigo por muitos e muitos anos, senão todos?
Para mim, são quatro coisas:
- Se, enquanto você estava lendo, você não conseguia fazer mais nada além de simplesmente estar lendo. Se você lia em toda e qualquer ocasião. Se, durante a leitura, seus ouvidos ficassem surdos e seus olhos cegos para tudo e qualquer coisa que estivesse acontecendo ao seu redor, obrigando seus parentes a usarem o máximo da sua compreensão.
- Se você ficava lendo até tarde, bem tarde, sonhava com o livro a noite inteira e, quando acordava de manhã, a primeira coisa que fazia era ler o próximo capítulo;
- Se você riu e chorou quando não esperava;
- Se, ao terminar de ler, você ficou com aquela sensação de vazio incompleto... aquele misto de tristeza e alegria... aquele gostinho de quero mais... e não conseguiu fazer mais nada além de pensar maravilhadamente no livro repetidas vezes por muito tempo.
Tudo isso aconteceu comigo ao ler O Palácio de Inverno, de John Boyne. E é por isso que considerei-o um livro excelente. Um dos melhores que li nos últimos tempos. Um dos melhores que jamais li.
O que mais me chamou a atenção em O Palácio de Inverno (além do fato de ser sobre a Rússia! Amo a Rússia!) foi a estrutura narrativa. Tentando explicar, essa estrutura se divide em duas linhas principais. O livro começa com o narrador, Geórgui Danielovitch Jachmenev já idoso, em 1981, na Inglaterra, narrando algumas coisas de sua infância e os acontecimentos de sua vida atual. A partir daí, a história se desenrola por duas narrativas: uma a da juventude de Geórgui na Rússia, bastante linear, cujos títulos dos capítulos são palavras mesmo; a outra, a partir de 1981, voltando no tempo, em anos significativos, 1970, 1953..., cujos títulos são os próprios anos. Ambas as narrativas (uma correndo linearmente no tempo e outra regredindo) se encontram no final do livro no ano de 1918. E depois, no último capítulo, voltamos novamente a 1981 para o fim do enredo.
Essa estrutura é fantástica. Por meio dela, sabemos da morte de personagens antes mesmo de conhecê-los. Sabemos de coisas meio sem explicação, que só vamos entender nas últimas páginas. Deparamo-nos em diversos momentos e personagens históricos (ainda que apenas mencionados): Paris pós Primeira Guerra, bombardeios em Londres na Segunda Guerra, entreguerras, Winston Churchill, Charles Chaplin, Stálin, Hitler... e, como não podia faltar, claro, os Romanov.
O enredo da história da juventude de Geórgui inicia-se com ele vivendo com sua família de camponeses em uma aldeia qualquer da Rússia. Ele não tem um relacionamento muito bom com seus pais, mas sua irmã mais velha lhe conta tudo sobre São Petersburgo, o Palácio de Inverno... É o grande sonho dela ir para lá, mas o que realmente acontece é que quem vai é Geórgui.
Na passagem de Nicolau Nicolaievitch pela aldeia (primo do czar e grande general), ocorre uma série de acontecimentos (não vou dizer quais) que levam Geórgui a ganhar a confiança do general. Este quer que o rapaz, então com dezesseis anos, vá a São Petersburgo para servir como membro da Guarda Imperial dos Romanov, mais especificamente, ser guarda-costas do herdeiro real, Alexei Nicolaievitch Romanov, apenas um menino. Ali, no Palácio de Inverno, Geórgui se apaixona, faz amigos e... inimigos... (vai ficar bem óbvio quem seria...)
É uma história de amor. Mas não é só isso. É uma história de opulência, de perdas... É uma história sobre uma família inesquecível: os Romanov. É uma história de culpa. É uma história que talvez não devesse ser chamada apenas de uma história... porque parece mais, muito mais do que isso... os lugares, os personagens são vivos... É, com certeza, uma história em que você não vai se arrepender de entrar, descobrir e se maravilhar.

8 comentários:

  1. Olá, Débora. Eu já li uma resenha desse livro, e agora com a sua, minha vontade de lê-lo só aumentou. Eu adoro estruturas narrativas diferentes , principalmente se não forem lineares.

    Excelente resenha.
    Bjs, Larissa.
    http://oelementofogo.blogspot.com

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    1. Puxa, fiquei muito feliz que minha resenha realmente motivou alguém a ler o livro! Sério, é um livro maravilhoso, você não vai se arrepender de ler!

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  2. Oi, Débora! Boa resenha!Também estou lendo este livro e ADORANDO!
    Abraço!
    Andrea.
    http://caixinhadadea.blogspot.com.br

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    1. Muito obrigada! Eu a escrevi no auge da empolgação com o livro! Que bom que você gostou e espero que goste ainda mais do livro!

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  3. Li esse livro para o DL do ano passado e é ótimo. A estrutura dele realmente torna a leitura uma experiência diferente.

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  4. Olá, Débora
    Li este livro para o DL, também gostei bastante, do livro e da sua resenha entusiasmada, que só li depois que enviei a minha (na última hora...rs). Pra mim, as narrativas foram de tres épocas diferentes... Será que viajei?...rs. E fiquei tão envolvida com a estória que fui à Wikipedia pesquisar sobre os Romanov. Os acontecimentos assim como os personagens eram verdadeiros mas houve um uso de licença poética, digamos assim, o que me frustrou um pouquinho. Abraços!
    Ana Britto

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    1. Oi Ana!
      Realmente é muito bom, não é?
      Sim, também fiquei super empolgada com a história dos Romanov. Recomendo um filme chamado "Romanovy: Ventsenosnaya semya" ("The Romanovs: A Crowned Family") e um livro de História chamado "A Queda dos Romanov", do Mark Steinberg e Vladimir Khrustalëv, ambos muito interessantes. Eu fui atrás dessas coisas depois de ter lido o livro do Boyne também, querendo saber o que realmente aconteceu com os Romanov. Ele pode ter tomado licenças poéticas, mas fazendo isso do jeito maravilhoso que fez, por que não? :)

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    2. Oi Débora,
      Voce está certa, se o autor usa licenças poéticas de um jeito tão bom, ele não só pode como deve fazer isto, pra alegria de todos nós. Obrigada pelas dicas de leitura e filme, com certeza vou atrás também e é bom ver a literatura estimulando outros conhecimentos. Abraços,
      Ana Britto

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